Por favor, use este identificador para citar o enlazar este ítem: http://hdl.handle.net/11531/33182
Título : Telas, crianças e educação: a importância de experimentar a espera
Autor : Sánchez Rojo, Alberto
Resumen : Hoje é impossível pensarmos a vida além das tecnologias da informação e da comunicação (TIC). Todos os âmbitos de realização do ser humano estão regidos, de uma forma ou de outra, por elas. A política, o trabalho, inclusive a vida mais intima e pessoal não podem atualmente ser compreendidas sem ter em conta esses tipos de tecnologia. É por causa disso que faz tempo que a educação, seja no espaço familiar ou escolar, não só faz uso das TIC quanto domínio que, como qualquer outro, tem sido influenciado por elas, como também defende a importância educativa e pedagógica de usá-las. As crianças do século XXI chegam a um mundo onde saber movimentar-se no ciberespaço é condição essencial para um futuro sucesso social e pessoal. Sendo assim, considera-se em geral positivo acostumá-las às TIC praticamente desde que nascem. Porém, há experiências educativamente essenciais que não podem ser atingidas através das TIC, mas só ficando temporariamente desligado delas. Uma dessas experiências é a espera, que não tem a ver com o imediatismo, mas com a dilação. Define-se a espera como o lapso tempo entre o momento em que achamos que alguma coisa vai acontecer e o instante no qual realmente acontece. A maioria das vezes é entendida num sentido negativo, pois tempo de pausa é sempre tempo não aproveitado, tempo perdido, sobretudo num mundo onde temos tanto para fazer e onde, portanto, somos constantemente obrigados a procurar atalhos que nos permitam ganha-lo. O tempo e ouro, acostuma-se a dizer, e deve sempre ser aproveitado. Não obstante, tempo vazio, de pausa, tempo dilatado, pode também encerrar um sentido pedagógico positivo. Este trabalho visa, em primeiro lugar, mostrar em que medida a espera pode ter esse caráter educativamente positivo no desenvolvimento da criança. Para tanto, servir-nos-emos fundamentalmente das análises teóricas que vários filósofos contemporâneos têm feito ao respeito. Entre eles, merecem ser destacados Maurice Blanchot, Simone Weil e Josep Maria Esquirol. Em segundo lugar, exporemos os resultados de uma série de pesquisas atuais que apontam um uso das TIC, quer por parte das famílias, quer por parte da escola, que impede que as crianças possam vivenciar esta experiência. Muitos pais usam as TIC de maneira continuada com seus filhos, seja como meio de aprendizagem, seja como meio de entretenimento. Dessa forma lhes descobrem um mundo cheio de possibilidades, mas que podem ser todas elas atingidas sem necessidade de esperas. Isto faz com que as crianças deixem de experimentar o tempo de demora que permite pôr o foco no próprio autocontrole e na própria subjetividade. Indo de um lado para o outro, de um link para o seguinte, carecem de tempo para concentrar-se em si próprios independentemente dos estímulos externos. É por causa disso que, finalmente, chegaremos à conclusão de que é importante fazer que as gerações que nascem num mundo regido pelas TIC aprendam a usá-las, mas também a ficar desligados delas de quando em vez. Aprender a esperar é importante, ajuda-nos a desenvolver capacidades de grande envergadura a nível humano que jamais poderiam ser desenvolvidas através de umas tecnologias que permitem que as pessoas mantenham um contato continuado com tudo menos consigo próprias. Esse contato só pode ser atingido em solidão, refletindo e, sem pressas, esperando.
Hoje é impossível pensarmos a vida além das tecnologias da informação e da comunicação (TIC). Todos os âmbitos de realização do ser humano estão regidos, de uma forma ou de outra, por elas. A política, o trabalho, inclusive a vida mais intima e pessoal não podem atualmente ser compreendidas sem ter em conta esses tipos de tecnologia. É por causa disso que faz tempo que a educação, seja no espaço familiar ou escolar, não só faz uso das TIC quanto domínio que, como qualquer outro, tem sido influenciado por elas, como também defende a importância educativa e pedagógica de usá-las. As crianças do século XXI chegam a um mundo onde saber movimentar-se no ciberespaço é condição essencial para um futuro sucesso social e pessoal. Sendo assim, considera-se em geral positivo acostumá-las às TIC praticamente desde que nascem. Porém, há experiências educativamente essenciais que não podem ser atingidas através das TIC, mas só ficando temporariamente desligado delas. Uma dessas experiências é a espera, que não tem a ver com o imediatismo, mas com a dilação. Define-se a espera como o lapso tempo entre o momento em que achamos que alguma coisa vai acontecer e o instante no qual realmente acontece. A maioria das vezes é entendida num sentido negativo, pois tempo de pausa é sempre tempo não aproveitado, tempo perdido, sobretudo num mundo onde temos tanto para fazer e onde, portanto, somos constantemente obrigados a procurar atalhos que nos permitam ganha-lo. O tempo e ouro, acostuma-se a dizer, e deve sempre ser aproveitado. Não obstante, tempo vazio, de pausa, tempo dilatado, pode também encerrar um sentido pedagógico positivo. Este trabalho visa, em primeiro lugar, mostrar em que medida a espera pode ter esse caráter educativamente positivo no desenvolvimento da criança. Para tanto, servir-nos-emos fundamentalmente das análises teóricas que vários filósofos contemporâneos têm feito ao respeito. Entre eles, merecem ser destacados Maurice Blanchot, Simone Weil e Josep Maria Esquirol. Em segundo lugar, exporemos os resultados de uma série de pesquisas atuais que apontam um uso das TIC, quer por parte das famílias, quer por parte da escola, que impede que as crianças possam vivenciar esta experiência. Muitos pais usam as TIC de maneira continuada com seus filhos, seja como meio de aprendizagem, seja como meio de entretenimento. Dessa forma lhes descobrem um mundo cheio de possibilidades, mas que podem ser todas elas atingidas sem necessidade de esperas. Isto faz com que as crianças deixem de experimentar o tempo de demora que permite pôr o foco no próprio autocontrole e na própria subjetividade. Indo de um lado para o outro, de um link para o seguinte, carecem de tempo para concentrar-se em si próprios independentemente dos estímulos externos. É por causa disso que, finalmente, chegaremos à conclusão de que é importante fazer que as gerações que nascem num mundo regido pelas TIC aprendam a usá-las, mas também a ficar desligados delas de quando em vez. Aprender a esperar é importante, ajuda-nos a desenvolver capacidades de grande envergadura a nível humano que jamais poderiam ser desenvolvidas através de umas tecnologias que permitem que as pessoas mantenham um contato continuado com tudo menos consigo próprias. Esse contato só pode ser atingido em solidão, refletindo e, sem pressas, esperando.
URI : http://hdl.handle.net/11531/33182
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